terça-feira, 26 de maio de 2009

Competitividade chinesa

Competitividade chinesa está baseada na mão-de-obra barata e poucos impostos, diz especialista
Mylena FioriRepórter da Agência BrasilBrasília - A concorrência dos produtos chineses não é uma ameaça apenas para a indústria brasileira, mas também para países desenvolvidos e altamente competitivos, como os Estados Unidos. Até da entrada na China na Organização Mundial do Comércio, em 2001, os americanos tinham, inclusive uma tarifa de importação específica para os chineses. "A grande competitividade da China está no baixo custo da mão de obra e na menor carga tributária. Um operário da Volkswagen, na China, ganha 50 vezes menos que na Alemanha. Isso acontece em toda a cadeia produtiva e torna a China absolutamente imbatível", avalia o vice-presidente da Câmara Brasil-China de Desenvolvimento Econômico, Paulo Bastos. A coordenadora da Unidade de Negociações Internacionais da Confederação Nacional da Indústria, Soraya Rosar, destaca, ainda, o baixo custo dos insumos e a escala de produção como fatores geradores de competitividade. "Sem sombra de dúvida, a China hoje não é uma ameaça só para a indústria brasileira. A China sacudiu o mercado como um todo", afirma Soraya. Ela destaca que há uma grande expectativa com relação á apresentação da primeira análise da OMC referente às políticas de comércio exterior chinesas – todos os integrantes da OMC passam por este tipo de análise periodicamente (os países desenvolvidos, a cada 2 anos. Os países em desenvolvimento, a cada 4 anos)."Esse levantamento é muito abrangente, inclui todos os tipos de política que possam destorcer o comércio de alguma forma. Vai ser bastante interessante ver o que a própria organização levantou de práticas que ferem ou não a norma internacional", diz a representante da CNI. Ela conta que o relatório vai à discussão no plenário da OMC. Havendo práticas desleais de comércio, os outros países cobram uma solução. "Normalmente, há um comprometimento de mudança", diz Soraya.A China exporta cerca de US$ 750 bilhões para o mundo todo – para se ter uma idéia, o recorde de exportações brasileiro, alcançado em 2005, foi de US$ 120 bilhões. Mas a verdade é que o gigante asiático também compra muito, do mundo todo (US$ 631,8 bilhões em 2005). "Na relação comercial com a China não há só riscos, há também oportunidades", afirma a representante da CNI.Ela destaca que, para enfrentar o gigante asiático, não basta adotar medidas de defesa comercial. "Acho que defesa comercial é um dos pontos. Outra coisa é, cada vez mais, procurar melhoria da produtividade doméstica e ver as oportunidades que a própria China está trazendo abrindo seu mercado, que é um mercado enorme, para uma série de produtos do mundo inteiro, inclusive brasileiros", destaca.O governo brasileiro também aposta nas oportunidades deste mercado de 1 trilhão e 300 milhões de habitantes. "A China tem uma competitividade muito aguçada, então muitas vezes causa algum tipo de estremecimento nos setores produtivos dos outros países. Mas o Brasil nunca considerou a China uma ameça", diz o secretário de Comércio Exterior do Ministério da Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior. "O Brasil olha para a China como um grande parceiro comercial no futuro", garante.(Mylena Fiori)

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