quarta-feira, 29 de abril de 2009

COMPETITIVIDADE: mais que um objetivo, uma necessidade

Capacidade de competir em meio às freqüentes variações do mercado é fundamental às empresas .
Na década de 90, empresas paranaenses passaram por profundas transformações: algumas foram vendidas ou incorporadas por grupos estrangeiros, outras se uniram ou adquiriram concorrentes para se fortalecerem. Empresas de capital estrangeiro ou nacional vieram para o Paraná e instalaram novas fábricas, enquanto outras fecharam as portas. Essas mudanças são intrínsecas ao sistema capitalista e resultam de estratégias adotadas pelas empresas para aumentar a sua competitividade e obter maior lucratividade. Apesar de as empresas se preocuparem com a competitividade, muitas não compreendem os fatores que determinam essa competitividade, o que pode resultar em estratégias equivocadas ou precipitadas.

A história nos mostra estratégias que não tiveram sucesso, empresas que não conseguiram acompanhar os seus concorrentes, que se posicionaram erroneamente no mercado, assim como outras que cresceram, que se estabilizaram e continuam aumentando o seu patrimônio. Algumas pararam no tempo e pensaram que o sucesso do passado iria direcionar o seu futuro, porém esqueceram que o mercado, as necessidades e os desejos mudam.

O fato de uma empresa ser hoje líder de mercado não significa, necessariamente, que ela continuará sendo competitiva no futuro. Da mesma forma, a empresa que não possui, hoje, um bom posicionamento no mercado, poderá situar-se melhor no futuro se fizer uma leitura adequada do ambiente, corrigir rumos e tomar decisões acertadas.

A competitividade é um conceito dinâmico. Para acompanhar o complexo processo concorrencial, as empresas devem ter um olho no passado – para fortalecer os acertos e não repetir erros; os pés firmes no presente – para posicionar-se com segurança diante da instabilidade do mercado; e um olhar atento para o futuro – para promover os ajustes necessários.

O futuro depende da interação dos agentes participantes da configuração do sistema econômico: as empresas, o Estado, os consumidores e as instituições em geral. A interação entre eles torna o ambiente complexo, pois suas demandas são diferentes e mudam no tempo e no espaço. O Estado visa atender às necessidades do cidadão; os consumidores desejam produtos e serviços com qualidade e baixo custo; as empresas buscam crescimento e lucro. Embora todos queiram alcançar seus objetivos, nem sempre conseguem identificar com clareza como fazê-lo, uma vez que estão sujeitos a variáveis dificilmente controláveis.


Como se Determina a Competitividade?

No que se refere às empresas, os fatores que determinam a competitividade são classificados em três grandes grupos.

1. Fatores sistêmicos - estão relacionados ao ambiente macroeconômico, político, social, legal, internacional e à infra-estrutura, sobre os quais a empresa pode apenas exercer influência.
Compõem os fatores sistêmicos, dentre outros:

ü a tendência do crescimento do PIB brasileiro e mundial;
ü a taxa de câmbio prevista;
ü o nível de emprego e seu impacto nas pressões salariais e no aumento do consumo;
ü os direcionamentos econômicos, sociais e políticos do Brasil e dos países com quem temos parcerias comerciais.

2. Fatores estruturais - dizem respeito ao mercado, ou seja, à formação e estruturação da oferta e demanda, bem como às suas formas regulatórias específicas. São fatores
externos à empresa, relacionados especificamente ao mercado em que atua, nos quais ela pode apenas interferir. As seguintes questões devem ser respondidas pela empresa quanto aos fatores estruturais:

ü quais são os fatores de sucesso do seu mercado?
ü como se estrutura a cadeia produtiva da qual participa?
ü quais são os seus concorrentes e a estratégia dominante no mercado, enfim,
ü quais os caminhos que os outros estão seguindo?
ü quais os fatores determinantes da sua demanda?
ü como se agrega valor ao produto que comercializa?
ü quais são os gargalos para crescimento nesse processo de agregação de valor?
ü quais as possibilidades de cooperações na sua rede de relacionamentos?
ü quais os bens e serviços substitutos e complementares ao seu produto?

3. Fatores internos - são aqueles que determinam diretamente a ação da empresa e definem seu potencial para permanecer e concorrer no mercado. Os fatores internos estão efetivamente sob o controle da empresa e dizem respeito a sua capacidade de gerenciar o negócio, a inovação, os processos, a informação, as pessoas e o relacionamento com o cliente....

Competitividade e Mudanças na Economia

Mudanças ocorrem continuamente, exigindo das empresas freqüentes reavaliações das tendências do mercado e de seu posicionamento nesse mercado. As alternativas são inúmeras e imprecisasdiante do futuro incerto. Maior será a possibilidade de acerto quanto mais conhecimento a empresa tiver dos fatores determinantes da competitividade. É necessário interpretar esses fatores para participar do ambiente concorrencial em condições favoráveis, o que significa filtrar todas essas informações, detendo-se naquilo que realmente impacta o seu negócio. A empresa será capaz de fazer esse filtro somente se estiverem claros para ela especialmente os fatores estruturais e internos discutidos anteriormente.

A falta de reconhecimento por parte da empresa dos rumos do seu mercado e da influência do ambiente, aliada à indefinição quanto às capacitações necessárias para atuar, é a base para explicar por que algumas sobrevivem e outras morrem ou se fundem com outras. A capacidade de competir está relacionada à compreensão sobre onde, por que e como se está competindo. Não se permanece em um mercado dinâmico e altamente competitivo dependendo apenas da sorte.

Os motivos que levaram algumas empresas paranaenses à derrocada na década de 90 ou à reestruturação estão vinculados à incapacidade de competir, decorrente de leituras pouco precisas dos fatores sistêmicos e estruturais. As estratégias traçadas não foram adequadas, limitando sua capacidade de investimento e expansão, fundamentais em um ambiente concorrencial.

A punição para as empresas que não são competitivas pode ser a morte. Conhecer a si mesma (fatores internos), identificar as armas e regras do jogo (fatores estruturais) e refletir sobre o macroambiente (fatores sistêmicos) não garantem necessariamente sucesso eterno para a organização; asseguram-lhe, porém, ótimas condições para concorrer e permanecer atuante no mercado.

Autor: Christian Luiz da Silva é economista, mestre e doutorando em Engenharia
de Produção pela UFSC e professor da FAE Business School.

Nenhum comentário:

Postar um comentário