segunda-feira, 13 de abril de 2009

"Inteligência Competitiva na prática"

"Inteligência Competitiva na prática"

Você já foi a Bangalore na Índia? Não? Então vá. A inspiração da música brasileira (você já foi a Bahia? Não...então vá...) nos leva a um outro continente que está mudando a América corporativa.

Bangalore, é o local onde muitas empresas dos Estados Unidos estão cada vez mais transferindo recursos para profissionais da Índia. O que isto tem a ver conosco?

No mundo globalizado atual, não se pode mais ignorar que os indianos estão assumindo a liderança na colonização do espaço cibernético. E o que isto quer dizer?

Como manter a lucratividade se está difícil cortar mais custos? Como manter uma vantagem competitiva duradoura? As respostas podem ser encontradas através de uma metodologia denominada "Inteligência Competitiva".

A inteligência competitiva é um componente crucial da emergente economia do conhecimento. Ao analisar os passos de seus concorrentes, a IC permite que empresas se antecipem em futuras direções e tendências do mercado, ao invés de meramente reagir a elas.

Inteligência Competitiva, é um programa sistemático e ético para coleta, análise e gerenciamento de informações externas que podem afetar os planos, decisões e operações de sua empresa.

Explicado de outra maneira, IC é o processo de aprimoramento de competitividade no mercado por meio de um mais amplo entendimento – e, mesmo assim, inequivocamente ético – dos competidores de uma empresa e do ambiente competitivo.

Especificamente, IC caracteriza-se pela coleta e análise legais de informações a respeito das capacidades, vulnerabilidades e intenções de competidores no mundo dos negócios. Tanto coleta como análise são conduzidas com o uso de bancos de dados e outras "fontes abertas" e por meio da investigação ética. Os profissionais de IC atuam em programas para pequenas e grandes companhias, oferecendo às suas direções alertas precoces de mudanças na paisagem competitiva.

Um exemplo prático de um alerta precoce que envolve indústrias, comércio e prestadores de serviço, podem ser as consequências no Brasil da recente campanha lançada pelo Departamento de Proteção ao Consumidor, órgão da Comissão Federal de Comércio dos EUA, que pretende convencer as empresas de mídia a não veicular anúncios de produtos contra a obesidade que não tenham eficácia comprovada.

Assim promessas como "perca mais de 2kg por semana sem dieta nem exercícios", "perca peso mesmo ingerindo qualquer tipo de alimento e em qualquer quantidade", "perca peso permanentemente" estão com os dias contados.

Pode ser que nada aconteça nas terras de Mário de Andrade, mas e, se...o governo brasileiro adotar a mesma prática?

Aliás o profissional de Inteligência Competitiva tem muito a ver com um verso de Mário de Andrade que diz eu sou trezentos, sou trezentos-e-cincoenta.

Pois em um mundo cada vez mais complexo procurar entender as mudanças sociais, econômicas e políticas tornou-se absolutamente fundamental.

E a melhor pergunta: e se...? Meu concorrente lançar um produto ou serviço antes que nós? E se comprarem nosso concorrente? E se perdermos participação de mercado? E se nosso cliente quer economizar e lança um agressivo programa de redução de custos?

A IC permite que dirigentes do nível senior, em empresas de todos os portes, tomem decisões importantes sobre todas as qu
estões em áreas como marketing, pesquisa & desenvolvimento, táticas de investimento, e inclusive estratégias de longo termo para os negócios.

A IC é um processo continuo que envolve a coleta e a análise, legais e éticas de informações. O resultado de tal análise não exclui conclusões que não são necessariamente benvindas, mas que devem também chegar aos tomadores de decisões.

Que decisões você tomaria ao ouvir: "Empresa européia reduz e unifica fornecedores na América Latina". Sua empresa é fornecedora desta empresa?

Outro exemplo: "Erro médico já soma X milhões de ações de indenização no país". Ou seja é preciso entender determinadas ações das empresas em geral e dos concorrentes em particular.

Sobre a SCIP

A Society of Competitive Intelligence Professionals - SCIP (www.scip.org) é uma organização global, sem fins lucrativos, para profissionais (ou seja o profissional que se associa não a empresa). O seu público é constituído por todos aqueles envolvidos na criação e no gerenciamento de informações em negócios.

A missão da SCIP é aprimorar as habilidades dos profissionais para contribuir com suas empresas na obtenção e manutenção de vantagens competitivas.

Especificamente, a SCIP oferece oportunidades de educação e de networking para profissionais de negócios que trabalham no cada vez maios campo da inteligência competitiva (onde princípios para coleta e análise, legais e éticas de informações a respeito das capacidades, vulnerabilidades e intenções dos concorrentes).

Estabelecida em 1986, a SCIP hoje conta com milhares de profissionais associados em mais de 50 nações. Além disso, a SCIP conta com alianças e parcerias com organizações afiliadas independentes em muitos países.

Os Aspectos Legais em IC

A inteligência competitiva é a geração de discernimentos que contribuem para a tomada de melhores decisões de negócios. IC não é espionagem. Não é necessário utilizar métodos ilegais ou antiéticos na prática da IC.

Na verdade, quando isto é feito, ocorre o fracasso da IC, pois quase tudo que os tomadores de decisão precisam saber sobre o ambiente competitivo pode ser levantado com o uso de meios legais e éticos. As informações que não podem ser encontradas por meio de pesquisa podem ser deduzidas com boas análises, que representam apenas uma das formas pelas quais a IC acrescenta valor a uma organização.

Com novas leis surgindo pelo mundo para garantir a confidencialidade das informações, muitos profissionais de IC passaram a se preocupar com o possível impacto que estas medidas legais trarão à sua profissão.

E no caso brasileiro, pensando em um mundo globalizado e com profissionais trabalhando em empresas internacionais, muitas das quais com controle acionário americano, faz todo o sentido adotar em nosso dia-a-dia o Código de Ética desenvolvido pela SCIP, que transcrevo abaixo:

Código de Ética da SCIP para Profissionais de IC

* Continuamente buscar ampliar o reconhecimento e respeito pela profissão.
* Cumprir todas as leis aplicáveis, domésticas e internacionais.
* Divulgar todas as informações relevantes, incluindo a própria identidade e respectiva organização, antes de todas as entrevistas.
* Respeitar todas as solicitações de confidencialidade das informações.
* Evitar conflitos de interesse, no cumprimento de suas obrigações.
* Fornecer recomendações e conclusões honestas e realistas, no cumprimento de suas obrigações.
* Promover este código de ética dentro de sua companhia, entre contratados terceirizados e no âmbito de toda a profissão.
* Aderir e obedecer fielmente às políticas, objetivos e orientações da organização para a qual se está trabalhando.

Assim a informação, análise e disseminação da informação sobre concorrentes e tendências de mercado elaboradas a partir de metodologias e técnicas apropriadas com o respectivo Código de Ética, como por exemplo da SCIP, pode fazer a diferença entre as empresas em um mercado cada vez mais competitivo.

Alfredo Passos é Partner da KMC, Professor ESPM, autor dos livros "Inteligência Competitiva - Como fazer IC acontecer na sua empresa" e "E a concorrência... não levou! - Inteligência Competitiva para gerar novos negócios empresariais", ambos editados pela LCTE Editora.

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